segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Encontro Nacional do SINFRAJUPE - Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia

 


“Mais do que nunca é preciso esperançar”
ENCONTRO NACIONAL DO SINFRAJUPE

Aconteceu em São Paulo/SP, nos dias 25 a 27 de novembro, o Encontro Nacional do SINFRAJUPE – Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia. O evento reuniu 34 lideranças representantes de diversos ramos da Família Franciscana motivadas pela máxima de que “mais do que nunca é preciso esperançar”. Vindas(os) de Norte a Sul do País, a partir da nova realidade que se abre no país, frente aos retrocessos dos últimos anos no campo ambiental, dos direitos e da democracia. 

O principal objetivo do Encontro foi refletir sobre a trajetória de articulação das franciscanas e franciscanos no Brasil por meio do impulso que oferece o SINFRAJUPE, à luz dos desafios identificados na conjuntura religiosa, social, ambiental, política e econômica. A partir do chão de nossas realidades, o momento permitiu a reformulação da estrutura e prioridades de articulação do movimento para os próximos anos. 

Foram dias de muita reflexão com rodas de conversa, painéis de análise, trabalho em grupos, mística e bons encontros em torno da mesa dos diversos cafezinhos, chimarrão, e demais refeições preparadas pela equipe da Cozinha Solidária do Sefras – Ação Social Franciscana.

O Evento acolheu a participação da Pastora Romi Bencke e do sociólogo Rudá Ricci, que apontaram elementos importantes para atuação no Brasil. Rudá caracterizou o momento histórico a partir de conceitos como “fascismo”, fortalecido nos últimos anos de forma organizada e perigosa. Por outro lado, indicou que, com a vitória de Lula, agendas urgentes devem ser priorizadas, pós eleições. Já a Pastora concentrou a análise em elementos para o enfrentamento do ultraconservadorismo, como uma agenda contínua de mobilização, incidência e da importância de se criar novos conceitos e linguagens que converse com o desejo e realidade das pessoas. 

A partir destas análises foram organizados quatro grupos para debate sobre agendas contemporâneas e urgentes: Ambiental, Questões Sociais, Diversidade e Mobilização. Os participantes dos grupos foram provocados (as) a responder as seguintes questões: “O que fazer?”, “Como Fazer?” e “Quem fará?”.  Destaca-se que, de modo histórico, foi trabalhada uma prioridade do SINFRAJUPE na atuação pela diversidade, com relatos de violências vividas dentro e fora da Igreja por pessoas negras, mulheres e LGBTQIA+. Além disso, a mobilização por meio da comunicação foi pautada como atividade central para apresentar contraposição ao avanço neoconservador e fascista na ocupação dos espaços, da sociedade e da Família Franciscana, principalmente por meio da internet.  

O resgate histórico, tão importante para a fidelidade ao ideal de vida franciscano, foi realizado ao longo das atividades por Frei José Francisco Santos, Frei Rodrigo Peret, e Frei Atílio Battistuz, que possuem uma trajetória mais longa no SINFRAJUPE. Frei José disse que “vivemos em um novo tempo. É necessário novas formas de enxergar e refletir, assim como nossa forma de estar e de se organizar nas diferentes realidades”. Frei Rodrigo colabora ao afirmar que “o SINFRAJUPE é o espaço de fraternidade daqueles que assumem o dever de defender a vida acima de tudo. É porto seguro que acolhe na chegada e que envia à missão ”. Frei Atílio, na manhã do terceiro dia, destacou que “esta articulação produz uma espiritualidade diferente e isto tem que nos orientar e nos motivar sempre”. 

No final do encontro, foi elaborada e aprovada uma Carta Aberta a respeito dos atos de violência armada ocorridos nos últimos dias no Espírito Santo e Rio de Janeiro. Também foram pactuadas todas as propostas apresentadas pelas discussões realizadas, com objetivo de estabelecer um método de organização e responsabilidades a serem firmadas pelas pessoas que compõem o SINFRAJUPE, que passa a ser organizado por três Comissões (Meio Ambiente, Combate à Fome e Diversidade), bem como um Grupo de Trabalho (Mobilização e Comunicação). As pessoas eleitas durante o encontro como coordenadoras destes grupos formarão, juntamente com a Executiva do Sinfrajupe, uma Equipe de Articulação responsável por dar coesão às atividades e deliberar os direcionamentos de atuação.

A proposta é que as Comissões e GT sejam ampliados com participações de franciscanos e franciscanas engajadas(os) nessas questões temáticas e que possam participar no desenvolvimento das ações. Como forma de registrar a estrutura pactuada coletivamente, será elaborado planejamento de cada um dos subgrupos, a ser apresentado para a equipe de articulação no início do próximo ano. A partir dessas contribuições, o Sefras se comprometeu a elaborar um projeto escrito, a fim de que se obtenha objetivos e resultados de forma orgânica e estratégica. 

Em continuidade ao projeto de reestruturação do Sinfrajupe, será realizado, no segundo semestre de 2023, um novo Encontro Nacional para avaliar a proposta organizativa e deliberar acerca da funcionalidade do modelo experimentado. 

Finalizou-se o evento com as esperanças alimentadas e as forças renovadas para franciscanas e franciscanos representantes de tantos gritos da Terra e dos pobres. O envio para a missão foi conduzido em sintonia ao início do Advento, que convida à reflexão e preparação para a chegada da Boa Nova. Motivadas e motivados pela espera de Deus, que em Jesus, se fez pequeno e pobre para nascer em uma estrebaria, as(os) participantes, em unidade, voltaram para as suas realidades encharcadas(os) pela vivência da fraternidade e impulsionadas(os) a serem instrumentos de Justiça, Paz e Ecologia.

SINFRAJUPE

domingo, 13 de novembro de 2022

Secretário Geral da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB sofre ameaça de morte

 

Dom Vicente Ferreira

Brasília,  13 de novembro de 2022.


Secretário Geral da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB sofre ameaça de morte

Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente Ferreira, sofreu ameaça de morte por parte de um grupo Bolsonarista enquanto celebrava Missa do Crisma na Paróquia São Caetano, na cidade de Moeda, interior de Minas Gerais. O grupo gritava aos berros “Fora Bispo” e “lá fora vai ser diferente”, chegando aos ouvidos do motorista e segurança que se encontravam ao fundo da quadra poliesportiva – onde a celebração ocorria.

Esse fato está atrelado a realidade nacional que vivenciamos em nossa sociedade onde o ódio e a intolerância política, têm se tornado cada dia mais “aceitável”, em uma sociedade democrática isso não pode ser permitido. 

A atuação singular na defesa de povos e comunidades que estão em conflito com a mineração, principalmente na defesa dos atingidos do rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho, também fazem parte do contexto ao qual o Bispo Dom Vicente Ferreira vem sofrendo ameaças.

Nós da Comissão Especial de Ecologia Integral e Mineração (CEEM) da CNBB, da qual o Bispo é Secretário Geral, viemos a público nos solidarizar com Dom Vicente  Ferreira e com a Arquidiocese de Belo Horizonte na pessoa de Dom Walmor Oliveira de Azevedo e repudiar esses posicionamentos extremistas, que não cabem em nossa sociedade, e solicitar que os órgãos do Estado cumpram com o seu dever de proteção e ao mesmo de investigação aos que cometeram esse crime.