quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dilma vence embate com Bonner e dribla agenda neoliberal da Globo



Helena Sthephanowitz,
O estilo 'interrogatório' das perguntas feitas pelo 'Jornal Nacional' com os presidenciáveis, além de produzir momentos bizarros para o jornalismo, em nada ajudam o eleitor a formar sua decisão

Talvez por já ter no passado enfrentado interrogatórios em condições bem mais adversas, nos porões da ditadura, talvez por dominar melhor os assuntos abordados pela dupla de entrevistadores do Jornal Nacional, na noite de ontem (18), a presidenta Dilma Rousseff conseguiu sair-se melhor nas perguntas intimidadoras do que o candidato Aécio Neves (PSDB) e do que havia conseguido fazer Eduardo Campos (PSB).
O formato parece ter objetivo certeiro: impor a pauta de interesses dos donos da emissora aos candidatos. Nas entrevistas com Aécio e Campos, grande parte das perguntas procuraram impor a agenda neoliberal do Estado mínimo, exigindo respostas que invariavelmente levaram os candidatos a citar como medidas "necessárias" cortar despesas públicas na área social, nas políticas redistributivas de renda e nos serviços como saúde e educação.
Na entrevista com Dilma, o objetivo foi tentar desconstruir as políticas de bem-estar social, de crescimento com melhor distribuição de renda e redução das desigualdades sociais. A ideologia que impera na Globo é aquela velha máxima da ditadura: primeiro o bolo precisa crescer para os ricos, vindo o crescimento da renda dos mais pobres a reboque, profecia que nunca se realizou nem no auge do neoliberalismo.
Mas Bonner não conseguiu ser bem sucedido neste seu embate com a presidenta. Ela conseguiu rebater com um argumento bastante forte quando disse "nós enfrentamos a crise, pela primeira vez no Brasil, não desempregando, não arrochando os salários, não aumentando os tributos, pelo contrário, diminuímos, reduzimos e desoneramos a folha de pagamentos. Reduzimos a incidência de tributos sobre a cesta básica. Nós enfrentamos a crise, também, sem demitir".

O duelo

Na primeira pergunta, sem encontrar um questionamento ético na conduta pessoal da presidenta, como ocorreu no caso da construção do aeroporto com dinheiro público beneficiando a família de Aécio Neves, o apresentador Willian Bonner questionou se o PT não descuidaria da questão ética e da corrupção, por haver no governo petista ministros nomeados e depois afastados por denúncias.
Dilma negou haver tolerância, citando mecanismos de combate a corrupção criados nos governos do PT de forma sistêmica, tais como autonomia da Polícia Federal, o fim da era do apelidado engavetador-geral da República na chefia do Ministério Público, a criação da Controladoria-Geral da União como órgão forte, a criação da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência.
Bonner interrompeu, questionando: "A senhora listou aqui uma série de medidas que foram providenciadas depois de ocorridos os escândalos". Na entrevista, Bonner e Poeta ficaram com a palavra mais de um terço do tempo total de 15 minutos –Dilma corrigiu o apresentador: "Não. Isso tudo foi antes."
A bizarrice da cena mostrou que Bonner veio com uma réplica pronta em sua pauta para rebater uma resposta que não veio – enfatizando a demissão de ministros. A presidenta deu uma resposta sobre a construção de sistemas de combate à corrupção, e Bonner não soube como interagir com a resposta. Um vexame.
Em outro momento, o apresentador questionou números econômicos que considera adversos, como inflação dentro da meta, mas próxima ao teto e crescimento nominal baixo do PIB. Dilma explicou que Bonner estava olhando pelo retrovisor o acumulado de doze meses passados, e que a inflação está em queda desde abril e no momento atual está próxima de zero. Explicou também que a atividade econômica tem uma melhoria prevista a partir do segundo trimestre.
Bonner rebateu, após referir-se a indicadores do semestre passado, se isso não seria “mero otimismo”. Dilma o corrigiu explicando que em economia existem índices que antecipam tendências econômicas e que estes apontam para um segundo semestre melhor do que o primeiro.
E assim foi. Ressalta-se aqui que o formato adotado pelo Jornal Nacional é pouco produtivo para informar bem ao telespectador eleitor. Fixa um tempo curto de 15 minutos para o total da entrevista, em que os entrevistadores tomam boa parte do tempo em longas formulações de perguntas sobre temas complexos, como em casos que tratam da economia, de um sistema de saúde gigantesco como o SUS, ou de políticas institucionalizadas de combate à corrupção.
Respostas satisfatórias para estes temas não cabem dentro do tempo dado. Para piorar, os entrevistadores interrompem a toda hora, muitas vezes de forma intimidatória, o que não ajuda em nada o eleitor a conhecer melhor os compromissos dos candidatos.
FONTE: REDE BRASIL ATUAL

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nota do MST sobre a morte de Eduardo Campos

Eduardo Campos agiu com ousadia e coragem contra o latifúndio pernambucano
Da Página do MST
É com muito pesar que recebemos a notícia da morte do ex-governador e candidato à presidência da República, Eduardo Campos.
Campos foi um grande amigo do MST e apoiador da luta pela terra e pela Reforma Agrária, fato que o fez ganhar notável confiança dos trabalhadores rurais do estado de Pernambuco.
Em muitos momentos, o jovem político agiu com ousadia e coragem a favor da luta dos Sem Terra contra o latifúndio pernambucano, desapropriando áreas históricas reivindicadas pelo MST. Conhecia a questão agrária brasileira, e como candidato à presidência, tinha clareza da necessidade de resolver o problema da concentração da terra no Brasil e os males causados pelo latifúndio.
Comprometeu-se com o projeto de desenvolvimento sustentável para o semiárido brasileiro e com a proposta de desenvolvimento da região canavieira do nordeste, uma das regiões mais pobres e com maior concentração de terra do Brasil, em consequência da monocultura canavieira.
Sem dúvida, sua morte prematura é uma grande perda para a política nacional, e os Sem Terra perdem um amigo e grande apoiador da luta pela terra e pela transformação social no país. O povo brasileiro também perde um político jovem e comprometido com as causas de um país mais justo.
Nosso pesar aos familiares e amigos, ao PSB e ao povo pernambucano.

Direção Nacional do MST
FONTE:MST

domingo, 10 de agosto de 2014

Comissão da CNBB pela Reforma Política envia Carta de Apoio ao Plebiscito Constituinte

O bispo auxiliar de Belo Horizonte e presidente da Comissão da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, enviou uma Carta de Apoio ao Plebiscito Constituinte na tarde deste sábado, 9 de agosto. A Carta foi lida durante a IV Plenária Nacional do Plebiscito Constituinte, que reúne representantes de 25 estados que constroem a campanha nacionalmente.
Leia Carta na íntegra:
"Belo Horizonte, 8 de agosto de 2014
Prezados irmãos e participantes da Plenária Nacional dos Movimentos Sociais
É com alegria que, por esta mensagem, como presidente da Comissão da CNBB que acompanha a Reforma Política, saúdo a todos os participantes da Plenária Nacional dos Movimentos Sociais reunidos em São Paulo. Os Movimentos Sociais são um eficiente termômetro da participação popular imprescindível à condução do Brasil pelas estradas da justiça e da paz, da vida digna para todos, da partilha dos frutos do desenvolvimento sustentável, da democracia e da liberdade, do respeito à diversidade e aos princípios éticos. É desnecessário lembrar que os Movimentos Sociais só cumprem seu nobre papel e executam suas árduas tarefas, se conseguirem praticar a arte da unidade naquilo que é essencial e se souberem colocar à frente o interesse comum, a comunidade brasileira. A ferramenta de trabalho, ao alcance de todos, é o diálogo permanente entre os múltiplos movimentos, que alimenta a esperança das conquistas sonhadas.
Estou certo que hoje somos todos desafiados a melhorar o Brasil em todos os aspectos, não obstante os reconhecidos avanços já conquistados. Isto exige um hercúleo esforço para melhorarmos nossa linguagem e formas de comunicação com a sociedade, particularmente com os pobres e com os jovens. O resultado deste esforço será a maior adesão consciente e lúcida do povo, que evidencia a legitimidade dos Movimentos Sociais e os confirma como sociedade civil organizada.
Desta Plenária Nacional esperamos, como exercício da democracia, o apoio dos Movimentos Sociais é urgente e indispensável para a Reforma Política no Brasil, mãe de várias outras reformas esperadas pelo povo. Estamos em campanha de conscientização e coleta de assinaturas pra o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática, da Coalizão pela Reforma Política e para o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política no Brasil. Sabemos que só alcançaremos as assinaturas necessárias se nos unirmos. Se nos unirmos, podemos melhorar a política e o Brasil.
Recebam meu fraterno abraço.
Contem com nosso apoio.
Cordialmente,
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, Presidente da Comissão da CNBB que acompanha a Reforma Política". 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O novo gesto de Francisco a favor da Teologia da Libertação

O Vaticano emitiu um decreto que levanta a  suspensão de 29 anos contra o padre Miguel F. d'Escoto Brockmann, um sacerdote maryknoll. Os Padres e Irmãos de Maryknoll é uma congregação missionária da Igreja dos EUA.
A reportagem é publicada pelo sítio Christian Newswire, 01-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre d'Escoto, 81 anos, foi ordenado sacerdote católico no dia 10 de junho de 1961. Ele ajudou a fundar a Orbis Books, a divisão de publicação teológica dos maryknoll, e foi um representante junto ao Conselho Mundial de Igrejas.
Durante os anos 1970, o padre d'Escoto participou da política na Nicarágua. Juntou-se à Frente Sandinista de Libertação Nacional, um partido político que derrubou Anastasio Somoza Debayle e estabeleceu um governo revolucionário.
Por causa das suas ações políticas, pelo envolvimento no governo sandinista e por não renunciar a um cargo político (ministro das Relações Exteriores da Nicarágua), o padre d'Escoto foi suspenso das suas funções sacerdotais pelo Vaticano.
Na notificação do Vaticano datada de 1º de agosto de 2014, "o Santo Padre concede o seu benévolo assentimento para que o padre Miguel d'Escoto Brockmann seja absolvido da censura canônica infligida contra ele e confia-o ao Superior Geral do Instituto [Maryknoll ] com o objetivo de acompanhá-lo no processo de reintegração no sacerdócio ministerial".
O levantamento da suspensão permite que o padre d'Escoto retome as suas funções sacerdotais.
O padre d'Escoto manteve-se como membro da Sociedade Maryknoll com residência na Nicarágua. De setembro de 2008 até setembro de 2009, ele presidiu a 63ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas como seu presidente.
Abençoada pelo Papa Pio X em 29 de junho de 1911, a Sociedade Maryknoll, aos seus 103 anos, segue Jesus no serviço aos pobres e aos necessitados em 26 países, que incluem os EUA. Como uma sociedade de missão estrangeira da Igreja Católica nos Estados Unidos, a Maryknoll partilha o amor de Deus e o Evangelho em seus esforços de evangelização no combate à pobreza, fornecendo cuidados de saúde, construindo comunidades cristãs e promovendo a dignidade de todas as pessoas.
Todos os católicos são chamados à missão através do batismo e da confirmação, e os esforços de educação à missão da Maryknoll em paróquias e escolas em todo o país engaja os católicos norte-americanos em missão por meio de vocações, oração, doações e como voluntários. Seu sítio é maryknollsociety.org.
FONTE: IHU