terça-feira, 30 de outubro de 2018

Bolsonaro: The Rise of the Brazilian Fascism

Brazil has just elected a racist, sexist, homophobic and defender of torture president. Jair Bolsonaro, former military paratrooper, nostalgic for the dictatorial period (1964-1985), which according to him was only a period of strong government regime. He considers as his idol, an army colonel, two was one of the fiercest torturers of that period.

Bolsonaro, right-wing candidate closes a short period of thirteen years, in Brazilian history, of governments led by the Workers Party (PT) of Lula, to which are added thirty-three years of moderate political alternation between the center-left and the center-right.

To have a notion of Bolsonaro’s ideology and thoughts, in an interview he said he would prefer that his son die rather than be homosexual. In front of the television cameras, he told a congresswoman that he would not rape her because she was ugly. On the other hands, the elected vice president of Brazil, an army general, is a consistent defender of coups. The president's son just elected for the Congress speaks openly about closing the Supreme Federal Court.

Encouraged by this way of thinking, the judiciary, which participated at the 2016 parliamentary coup, is censoring universities. Radical right-wing groups are openly offending and already killing gay people in the streets and attacking landless and homeless occupation camps, as well as indigenous peoples reserves.

What concretely is being designed, as a future is an authoritarian, militaristic government supported by ultraconservative religious evangelical and catholic pentecostal fundamentalist groups, which forces emerged strengthened in Brazilian Congress, after this election. It is elected a government that condemns abortion but approves approve the extermination of ethnic, LGBT + and feminist groups, as well as social movements.

A great challenge for that new government will be to get the country out of the economic crisis, which deepened after the coup of 2016. Brazil has an alarming budget deficit, 13 million unemployed and a pension system with big debts, due to large corporate debts. The new president, who clearly does not understand anything about economics, as he himself openly asserts, will leave the solution to these problems in the hands of Paulo Guedes, ultraliberal economist PhD from the Chicago school, which, in turn, shows little appreciation for politics.

Guedes aims to privatize everything he can, reduce the tax burden - serving the wealthiest - and "de-bureaucratize" labor relations. The financial market is happy because it must win in the short term. The risk rating agencies, however, express concern with the military's long-term government. The Chicago school itself is afraid of being associated with the excesses of the president-elect.

Bolsonaro government plan promises to flexibilize the socio-environmental licensing process for new extractive sector enterprises, changing many procedures, such as reducing environmental protection requirements. According to him, Brazil needs to release the mining potential of the Amazon, the 690-million-hectare rainforest located in the heart of South America, held steady. During his electoral campaign, he defended a political position to deliver the natural resources of the Amazon, to transnational corporations, eliminating environmental protection areas, extractive reserves, and NGOs, that, historically, struggles in defense of the traditional populations and indigenous people’s. He, also, threatens Brazil's withdrawal from the international climate change treaty (Paris Agreement).

Bolsonaro promised to put an end to all indigenous reservations and "quilombola" (Afro-descendant) traditional communities and intends to configure as "terrorism" the activities of the Landless Rural Workers Movement (MST) and the Homeless Workers Movement (MTST).

So far, Bolsonaro has already announced the participation of 6 army generals, to occupy different Ministries, in his government.

The perspectives for the near future are terrible and very uncertain. However, in the last weeks, during the end of the electoral process, we are living a certain citizen awareness movement, some sectors of the population, realized an imminent danger. A certain union is being affirmed, a probable consolidation of the Broad Democratic, Popular and National Front.
Rodrigo Péret, ofm

sábado, 27 de outubro de 2018

Papa Beatifica dois franciscanos da Guatemala

Em tempos de ameças a direitos,  pregação de ódio e risco à democracia, o Papa Francisco reconhece "Beatos da Igreja",  o  Frei Tulio Maruzzo, franciscano (OFM) e o Catequista Luis Obdulio Arroyo, franciscano secular (OFS) por darem suas vidas no trabalho que desenvolviam junto aos camponeses pobres, na defesa de seus direitos e terras. Foram assassinados, em 1o de julho de 1981, no departamento de Izabal, na Guatemala.  

A questão de terras  era muito forte na região de Izabal. O frei Tulio e Luis sabiam muito bemque não era possível enfrentar o problema diretamente; as pessoas que faziam os abusos eram protegidas pelo exército e o Governo da Guatemala. Era necessário encontrar uma solução. Começaram então, a partir de um Centro de Formação para Catequistas, um processo educativo para os camponeses, que eram analfabetos, sobre seus direitos, aconselhando-os a se organizarem para procederem à legitimação de suas próprias terras. Pediram ajuda à Caritás, para que colocasse à disposição tabeliões e advogados honestos. Isso despertou a oposição dos paramilitares que começaram a controlar os passos do frei Tulio e do Luis. Os militares e os fazendeiros temiam o testemunho de vida simples e pobre, que tornava o franciscano muito próximo à gente comum do lugar. Passaram a acusa-lo de “guerrilheiro” e de “comunista”. Acusavam as atividades do Centro de Formação de Catequistas, bem como a vida dos próprios catequistas. Começaram a acusar que o frei Tulio e o Luis teriam relações com a guerrilha e que o Centro Catequético seria para uma revolta.

O Centro de Formação para catequistas fazia trabalho de alfabetização, instruindo na doutrina da Igreja Católica, em agricultura e de criação de animais, bem como nos direitos civis e no conhecimento da Constituição do Estado da Guatemala.

Esses feitos levaram as autoridades militares a decidirem pelo assassinato do frei Tulio e do Luis, considerando-os como incômodos, que atrapalhavam seus interesses. Essa decisão em um ambiente onde atuavam “esquadrões da morte” foi como que uma sentença contra a vida dos dois.

No dia 1o de julho de 1981, às 23h30, o frei Tulio e o irmão Luis, no retorno do acompanhamento de alguns estagiários para suas casas, na Vila dos Novos Povos, foram vítimas de emboscada. Um menino de 11 anos foi colocada na estrada, fingindo pedir uma carona. Ao pararem o carro, os paramilitares saíram de uma plantação de bananas, mandando que os dois saíssem do veículo e dispararam contra eles. Os cadáveres foram deixados estendidos na estrada, quase uma hora mais tarde foram encontrados. O carro estava com as luzes acesas e as portas abertas.

Esses mártires que derramaram seu sangue ao servir com amor a seus irmãos, no estilo de

Jesus, foram "mortos por ódio à fé" e o Papa Francisco autorizou a beatificação. A cerimonia aconteceu neste 27 de outubro de 2018, no Centro Esportivo Morales, em Izabal. O Cardeal Giovanni Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviado do Papa Francisco, presidiu a missa de beatificação, com a presença de milhares de pessoas.

Se tornaram exemplo de vida cristã comprometida com a dignidade das pessoas e a luta pelos direitos humanos. Que suas vidas nos inspirem para nos mantermos sempre disponíveis ao amor pelos outros e na defesa por uma sociedade cada vez mais justa, sem ódio e violência.


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Nota CNBB sobre Segundo Turno das Eleições 2018

NOTA DA CNBB
Por ocasião do segundo turno das eleições de 2018
Jesus Cristo é a nossa paz! (cf. Ef 2,14)
O Brasil volta às urnas para eleger seu novo presidente e, em alguns Estados e no Distrito Federal, seu governador. Fiel à sua missão evangelizadora, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de seu Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunido em Brasília-DF, nos dias 23 e 24 de outubro, vem ratificar sua posição e orientações a respeito deste importante momento para o País.
Eleições são ocasião de exercício da democracia que requer dos candidatos propostas e projetos que apontem para a construção de uma sociedade em que reinem a justiça e a paz social. Cabe à população julgar, na liberdade de sua consciência, o projeto que melhor responda aos princípios do bem comum, da dignidade da pessoa humana, do combate à sonegação e à corrupção, do respeito às instituições do Estado democrático de direito e da observância da Constituição Federal.
Na missão de pastores e profetas, nós, bispos católicos, ao assumirmos posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, o fazemos, não por ideologia, mas por exigência do Evangelho que nos manda amar e servir a todos, preferencialmente aos pobres. Por isso, “a Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada” (CNBB – Mensagem ao Povo de Deus – 19 de abril de 2018). Inúmeros são os testemunhos de bispos que, na história do país, se doaram e se doam no serviço da Igreja em favor de uma sociedade democrática, justa e fraterna.
A CNBB reafirma seu compromisso, sobretudo através do diálogo, de colaborar na busca do bem comum com as instituições sociais e aqueles que, respaldados pelo voto popular, forem eleitos para governar o País.
Exortamos a que se deponham armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira. Toda atitude que incita à divisão, à discriminação, à intolerância e à violência, deve ser superada. Revistamo-nos, portanto, do amor e da reconciliação, e trilhemos o caminho da paz!
Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus para o povo brasileiro.
Brasília-DF, 24 de outubro de 2018
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador
Presidente da CNBB em exercício
Dom Guilherme Antônio Werlang
Bispo de Lajes
Vice-Presidente da CNBB em exercício
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Força-tarefa de "inteligência", do Temer, pode se voltar contra a sociedade

Num contexto em que a democracia vive sob ataque, a criação da chamada “Força Tarefa de Inteligência, que será comandada pelo General Etchegoyen e terá representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), das Forças Armadas e dos ministérios da Segurança Pública e da Fazenda é uma potencial ameaça aos direitos civis e políticos. 

O Decreto 9.527/2018, do Temer, publicado no Diário Oficial da União na última terça-feira (16), criando uma Força-Tarefa de Inteligência é genérico e sujeito à várias interpretações.
O referido decreto pretende o enfrentamento ao “crime organizado no Brasil”. Contudo, segundo a Articulação para o monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil o “enfrentamento ao crime organizado e o uso da inteligência para tal não pode ser genérico, pois abre possibilidades de enquadramentos que não são classificáveis desta forma, constituindo-se em ameaça aos preceitos constitucionais que protegem e conferem a todos os cidadãos e cidadãs o gozo pleno de seus direitos, sobretudo os de livre manifestação e livre organização, contanto que para fins pacíficos”. É grande o risco de “criminalização de grupos e lideranças sociais”. Abaixo a integra da nota da Articulação para o monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil.
NOTA
Articulação para o monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil vem a público manifestar total repúdio ao Decreto Federal nº 9.527, de 15 de outubro de 2018, que cria a Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil.

O Decreto é mais uma prova de que vivemos tempos difíceis e de avanço de ações arbitrárias em nosso país. Na “calada da noite” enquanto a sociedade e todos os olhares acompanham o processo eleitoral no Brasil, também este eivado de procedimentos arbitrários, violentos e com denúncias de procedimentos que ferem a lei eleitoral, o governo em mais uma de suas maquinações com as forças de segurança e órgãos administrativos do país, institui por decreto uma ação que esconde seus reais objetivos.

O enfrentamento ao crime organizado e o uso da inteligência para tal não pode ser genérico, pois abre possibilidades de enquadramentos que não são classificáveis desta forma, constituindo-se em ameaça aos preceitos constitucionais que protegem e conferem a todos os cidadãos e cidadãs o gozo pleno de seus direitos, sobretudo os de livre manifestação e livre organização, contanto que para fins pacíficos. Tudo isso, sem prejuízo da necessária apreciação judicial de tal diploma, aponta fortes traços de inconstitucionalidade, devendo ser suspenso, em sua integralidade, em resguardo aos diversos princípios e regras constitucionais que podem restar malferidos, a começar, pelo provável vício de competência, dado que, em larga medida, acaba por dispor sobre matérias suscetíveis de alteração somente por via de lei ordinária ou mesmo complementar, somente no que a vigente Constituição permite.

Ademais, o caráter da composição e da coordenação da Força-Tarefa, totalmente atrelada às forças do Estado, sem medida alguma de transparência com relação à “Norma Geral de Ação”, podendo ser convocada “sempre que necessário”, e “sem quórum mínimo” para a realização de reuniões de trabalho, leva a crer que os resultados do trabalho desta Força-Tarefa redundarão em mais controles (individuais e sociais), mais criminalização de grupos e lideranças sociais, e mais arbitrariedades por parte das forças de segurança do Estado brasileiro.

Por todas estas razões, pela defesa da Democracia e dos Direitos Humanos, manifestamo-nos contra este Decreto e exigimos sua imediata revogação!

Coordenação da Articulação para o Monitoramento dos DH no Brasil
Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH
Processo de Articulação e Diálogo Internacional – PAD
Fórum Ecumênico - ACT Brasil
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - SMDH

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

CPT anuncia voto contra a barbárie

A Diretoria e a Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Nota Pública, manifestam que, diante da atual conjuntura brasileira, “Ninguém pode se furtar a tomar posição. Omitir-se numa situação destas é apoiar o retrocesso e o desmonte de direitos em nosso país. Agora é a hora de resistência à mentira, hipocrisia e barbárie”. E reafirma seu compromisso de mais de quatro décadas de continuar, sempre, "ajudando os povos do campo na luta pelos seus direitos e por vida mais digna".  Confira o documento na íntegra:

NOTA PÚBLICA DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT)
A Diretoria e a Coordenação Executiva Nacional da CPT assumem como seu dever tomar posição, não se omitindo, nesta hora em que os destinos de nossa nação estão sob graves riscos. Os povos e comunidades do campo, a quem a CPT se põe a servir há 43 anos, estão entre os que mais serão afetados caso for vitorioso o projeto de desconstrução de direitos defendido pelo candidato do PSL.
Uma onda nacional baseada no ódio, na irracionalidade, na mentira e na hipocrisia, está prestes a lançar o Brasil num novo tempo de barbárie, interrompendo o breve interlúdio democrático que vivemos com o fim da Ditadura Civil-Militar de 1964.  A Constituição Cidadã de 1988 que o garantiu mal completa 30 anos! Esta situação nos leva a entender o que o capítulo 13 do Apocalipse traduzia no tempo da grande perseguição no início do Cristianismo: "Vi, então, outra Fera subir da terra. Realizou grandes prodígios. Seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe era dado fazer sob a vigilância da Fera, persuadindo-os a fazer uma imagem da Fera que sobrevivera ao golpe da espada." (Ap 13,11-14).
Neste tempo sombrio, a manipulação das consciências atinge um grau inédito por meio da difusão permanente de falsas notícias pelas chamadas “redes sociais”. E essa difusão de mentiras obedece a um único objetivo: descontruir os avanços sociais conquistados nos últimos anos e colocar no seu lugar retrocessos que agradam às elites nacionais e o mercado.
Estas mentiras se escondem atrás de uma hipocrisia sem tamanho. As palavras, ao invés de revelarem a verdade, na realidade a ocultam ou a deturpam. O apoio às elites empresariais, ao capital, é vendido como uma forma de ampliar a geração de empregos e a melhoria do bem-estar social. Os resultados deste tipo de política, os mais pobres os estão sentindo na pele com o alto grau de desemprego e de precarização das condições de trabalho. E o apelo constante a Deus e à sua palavra raia o patamar da blasfêmia. Não é isso que o segundo mandamento diz: “Não tomarás seu santo nome em vão!” Deus se torna, na palavra de políticos e de líderes religiosos, o fiador de retrocessos sociais que vão sobrecarregar os ombros dos mais pobres e vulneráveis de nossa nação.
Mas o que mais nos preocupa é o crescimento acelerado da violência e da barbárie. A mentira e a hipocrisia são o solo fértil para o ódio contra “os outros”. A pregação contra o direito de minorias – quilombolas, indígenas, LGTBQs, – a favor da compra de armas por “pessoas de bem”, de defesa da ditadura militar e seus torturadores, de propor a condecoração de policiais e militares responsabilizados pelo assassinato de pessoas, da redução da idade penal, de transformar a luta pela terra em atos de terrorismo, e a proposta de “botar um ponto final em todos os ativismos no Brasil”, é um discurso claro de desrespeito aos direitos humanos, de desapreço pela democracia. Defender o combate à violência com o uso de violência é um salvo-conduto para o uso de mais violência. Uma espiral ilimitada de violência! O ataque de que o próprio Bolsonaro foi vítima dá pleno valor ao dito popular, que tem raiz em Provérbios 22,8: “Quem semeia vento, colhe tempestade”.
Esta espiral da violência já está instalada e só tende a crescer: mais de 60 pessoas sofreram violência física entre os dias 1º e 10 de outubro de 2018, sendo mais de 50 praticadas por apoiadores de Bolsonaro.  E não se agride simplesmente quem de alguma forma tenta se expressar a favor de outro projeto, mas se quer apagar a memória de quem lutou em defesa dos direitos dos mais fracos, da justiça e da dignidade, como foi a destruição de placas no Rio de Janeiro que lembravam a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no início deste ano.
A CPT tem destacado o aumento na violência no campo brasileiro nos três últimos anos, quando se iniciou a desconstrução de direitos, com um número cada vez maior de pessoas assassinadas na luta pela terra. Em 2017 foram 71 pessoas assassinadas, sendo 31 em cinco massacres. E, nesta onda de violência, as lideranças do campo, que lutam pela terra e em defesa dos territórios dos povos originários e comunidades tradicionais, estão sendo massacradas. Somente na última semana foram três pessoas: o sindicalista no Pará, Aluísio Sampaio, o indígena no Maranhão, Davi Gavião, e o indígena da etnia Tenharin, em Mato Grosso, Erivelton Tenharin, e nesse mesmo confronto, há outro indígena baleado.
Esta é uma hora de grande reflexão. Os que governaram o país antes da ruptura política que foi o impeachment em 2016 cometeram erros, sim, ainda não assumidos, mas respeitaram os processos democráticos. Não é o que farão os que pretendem a qualquer custo continuar no poder assim usurpado! Queremos uma nação onde o diálogo, o respeito e a democracia floresçam, sejam reafirmados e consolidados, ou uma nação onde o ódio, a violência e a barbárie imperem e comprometam a nossa e as futuras gerações?
É um momento, também, de nos cuidar e auto cuidar. O cenário de perseguições e violências está adoecendo e amedrontando pessoas. É tempo de estar juntos, fortalecer os afetos e a fé, alimentar a vida e a esperança e não se tornar vítimas manipuladas de notícias falsas que objetivam, justamente, nos imobilizar. Se o fascismo cresce, nossa coragem e esperança redobram!
Ninguém pode se furtar a tomar posição. Omitir-se numa situação destas é apoiar o retrocesso e o desmonte de direitos em nosso país. Agora é a hora de resistência à mentira, hipocrisia e barbárie. Conclamamos a todos e todas a esta nobre tarefa, ao tempo em que vamos nos dedicar, em todos os níveis da CPT, em todos os estados, a conquistar os votos que impeçam que o pior aconteça! Por isso, no segundo turno das eleições, vamos com Haddad e Manuela!  Deus ajude o Brasil! A CPT continuará, sempre, ajudando os povos do campo na luta pelos seus direitos e por vida mais digna.
Goiânia (GO), 16 de outubro de 2018.
Diretoria e Coordenação Nacional Executiva da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Paulo VI Santo da Justiça e Paz

São Paulo VI criou a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz, na Igreja Católica, em 1967. Seu foi marcado pelo diálogo, pela abertura,  por sua incansável sede por Justiça e Paz no mundo (justiça social, justiça nas relações de trabalho, justiça nas relações entre nações e Estados).

Foi canonizado pelo Papa Francisco no dia 14 de outubro, em cerimonia no Vaticano.

Um alerta para os dias de hoje


Nos dias de hoje, em que no Brasil, um candidato a presidente da república tem como plataforma política suprimir direitos e implantar o fascismo. O espírito do Concílio Vaticano II, assumido como missão por toda a Igreja através das Comissões de Justiça e Paz, hoje uma realidade na Igreja Católica, pelo mundo a fora, é de: lutar contra a exploração sistêmica que oprime o ser humano e retira dele a liberdade.

São Paulo VI, mais do que nunca, nos indica o caminho da Justiça e da Paz. Ele ao estabelecer a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz disse que sua "missão não é mais que manter abertos os olhos da igreja, o coração sensível e a mão pronta para a obra da caridade que está chamada a realizar com o mundo, com objetivo de promover o progresso dos povos mais pobres e a justiça entre as nações".

Mais do que nunca é tempo de mater os olhos da Igreja abertos à manipulação e à instrumentalização da fé. Cabe à Igreja, hoje, não o acovardamento, mas a força e determinação de São Paulo VI, que levou à frente o mandato do Concílio Vaticano II, de respeito à dignidade de todos os seres humanos. A Constituição Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, afirma: "A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus (...) a Igreja proclama sinceramente que todos os homens, crentes e não-crentes, devem contribuir para a recta construção do mundo no qual vivem em comum (...) Deplora, por isso, a discriminação que certos governantes introduzem entre crentes e não-crentes, com desconhecimento dos direitos fundamentais da pessoa humana." (GS 21)

Com nome civil Giovani Batista Montini, Paulo VI, enquanto era cardeal de Milão, foi a referência de professores católicos e estudantes universitários durante o fascismo.  Animou o movimento estudantil universitário ao espírito democrático e ao antifascismo.

Paulo VI foi um papa muito atento à América Latina. Ele participou, em 1968, da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Medellín, que assumiu a opção preferencial pelos pobres, chamando a atenção para importância da doutrina social da Igreja e de uma igreja dos pobres e para os pobres. Nessa conferência a Igreja assuniu um rosto latinoamericao

Por em prática o Concílio Vaticano II

Em 1967, pouco mais de um ano do termino do Concílio Vaticano II, Paulo VI criou a “Comissão Pontifícia Justiça e Paz”, com representantes de todos os continentes e na mesma mensagem em criou também o “Conselho dos Leigos”. O "conselhos dos leigos" foi proposta do decreto de Concílio Vaticano II sobre o apostolado dos leigos: Apostolicam Actuositatem, n. 26. 

Ele estabeleceu como função da Comissão Justiça e Paz o “estudo dos grandes problemas da justiça social, com vistas ao desenvolvimento das nações jovens e especialmente quanto à fome e à paz no mundo”. Paulo VI colocava assim em prática a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n.90, do Concílio Vativano II, que indicou julgar “muito oportuna a criação de um organismo da Igreja universal, com o fim de despertar a comunidade dos católicos para que promovam o progresso das regiões indigentes e a justiça social entre as nações”.

Em seu pronunciamento ao instituir a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz, Paulo VI, definiu o que seria sua missão:

“Representais ante nossos olhos a realização da último voto do Concílio (GS 90). Como em outros tempos, uma vez construída a igreja ou a torre do sino se colocava no alto do telhado um galo, como símbolo de vigilância da fé e de todo o programa da vida cristã; da mesma forma, sobre o edifício espiritual de Concilio foi colocado este Comitê, cuja missão não é mais que manter abertos os olhos da igreja, o coração sensível e a mão pronta para a obra da caridade que está chamada a realizar com o mundo, com objetivo de promover o progresso dos povos mais pobres e a justiça entre as nações.“

Ainda em 1967, Paulo VI lançou sua Encíclica sobre o Desenvolvimento dos Povos (Populorum Progressio), na qual fez uma dura crítica ao capitalismo liberal:

[…] construiu-se um sistema que considerava o lucro como motor essencial do progresso econômico, a concorrência como lei suprema da economia, a propriedade privada dos bens de produção como direito absoluto, sem limite nem obrigações sociais correspondentes. Este liberalismo sem freio conduziu à ditadura denunciada com razão por Pio XI, como geradora do "imperialismo internacional do dinheiro".

Paulo VI nasceu em 1897 e Exerceu o seu ministério sacerdotal durante 58 anos. Foi ordenado em 29 de maio de 1920. Foi Papa de 1963 à 1978.

Doutor em filosofia, direito civil e direito canônico, serviu a diplomacia da Santa Sé e a pastoral universitária italiana, e a partir de 1937, foi colaborador direto do Papa Pio XII. Durante a II Guerra Mundial trabalhou no Vaticano com os refugiados e os judeus.

Após o conflito, em 1954, foi nomeado arcebispo de Milão. Foi criado cardeal pelo Papa João XXIII em 1958, e participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II. Cinco anos depois, em 21 de junho de 1963 foi eleito Papa. 


Foi o primeiro Papa que visitou a Terra Santa. Em Jerusalém, em 1964, encontrou-se com o patriarca ortodoxo Atenágoras I e celebraram juntos o levantamento das mútuas excomunhões impostas depois do Grande Cisma entre o Oriente e o Ocidente, em 1054. O Papa Francisco visitou a Terra Santa em 2014 para celebrar os 50 anos deste acontecimento.