quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Madeireiros atacam líder indígena e fiscais do IBAMA no Pará

Atacados a tiros, por madeireiros em Nova Esperança do Piriá, no nordeste do Pará,  na noite de sábado durante ação de combate à extração ilegal de madeira dentro da terra indígena do alto rio Guamá, um líder tribal Valdeci Tembé, 43, de  da etnia tembé, e dois fiscais do Ibama.

Valdeci disse que correu e andou 40 km pela mata, bebeu água da chuva, se feriu na floresta e pegou duas caronas até chegar de volta a sua aldeia, na noite de anteontem.

A reportagem é de Kátia Brasil e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 05-12-2012.

As buscas pelo chefe tribal mobilizaram um helicóptero da Funai e cerca de 800 índios de sua etnia, que até a noite de ontem continuavam na floresta à procura do líder - sem comunicação, eles não puderam ser avisados sobre o seu reaparecimento.

Em entrevista por um orelhão da aldeia Cajueiro, a 120 km de Paragominas, o líder tribal Valdeci Tembé, 43, disse que ele e dois fiscais do Ibama foram atacados a tiros na noite de sábado durante ação de combate à extração ilegal de madeira dentro da terra indígena do alto rio Guamá.

Ele fugiu pela mata. Os fiscais foram mantidos reféns até a 1h de domingo, quando uma equipe do Ibama e a Polícia Militar chegaram ao local. Ninguém foi preso.

"Por volta das 20h fomos abordados por mais ou menos 150 homens, todos armados e alcoolizados. Todos chegaram apontando armas para todos nós. Diziam assim: vamos te pegar e encher tua cara de bala. Não pensei duas vezes, tive que fugir."

Tembé contou que correu e andou pela mata o resto da noite de sábado até domingo à tarde sem comer nada.

"Machuquei meus braços, a pele arranhou com espinhos. Eu estava de tênis, mas rasgou tudo. Água, Deus é bom, a região é montanhosa, bebi água depositada pelas chuvas nas folhas. Mas não tinha frutas, não comi nada."

Segundo o chefe indígena, no percurso de 40 km ele passou por fazendas e duas vilas de assentamentos. Na vila do Braço Quebrado, se sentiu seguro e pediu ajuda. "O pessoal me deu abrigo e fui bem recebido", afirmou.

Tembé disse que um homem que coletava açaí o levou até a aldeia Tecoral, já em Paragominas. Lá, o cacique pegou carona de motocicleta com um amigo para sua aldeia, a Cajueiro, um percurso de mais de 35 km.

Ele disse que ao retornar para casa recebeu uma má notícia. "Tem uns 800 guerreiros andando pela mata me procurando, não conseguimos avisá-los ainda. Estamos muito preocupados", disse.

Polícia Federal investiga os ataques. O conflito na região aumentou há dois meses, quando índios acusaram madeireiros de roubar madeira que havia sido apreendida e estava na área. Os indígenas chegaram a colocar fogo em carros de madeireiros.
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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