quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

VALE: impunidade e lucro

É  de R$ 13,3 bilhões o lucro líquido da VALE em 2016. Anunciou a companhia no dia 23 de fevereiro. Isso significa, segundo ela, que foi revertido um prejuízo de R$ 44,2 milhões de 2015.

Após um ano e três meses do criminoso rompimento da Barragem de Fundão, no município de Mariana, a Vale permanece impune. Dezenove mortos, comunidades inteiras destruídas, o Rio Doce continua morto, a pesca inviabilizada e impactos profundos no modo de produção da região. 

Em vídeo divulgado pela companhia, o diretor financeiro, Luciano Siani diz que esse lucro, em 2016, é fruto de recordes na produção em minério de ferro, níquel, cobre e recorde de produção em Carajás no quarto trimestre daquele ano. O diretor financeiro comemora dizendo: "Com a produção muito forte e a recuperação de preços, previa-se que a Vale teria um trimestre muito forte e fecharia o ano com chave de ouro e de fato isso que aconteceu. Nós tivemos a melhor geração de caixa medida pelo Ebidta na Vale, de 4,8 bilhões de dólares..."

A VALE então, no dizer do diretor financeiro, fechou o ano de 2016 com “chave de ouro”. Um verdadeiro cinismo camuflado por uma linguagem econômico-financeira. Enquanto isso, os atingidos pelo crime por ela cometido, juntamente com a BHP Billinton, continuam desrespeitados e injustiçados. Até agora, ninguém foi responsabilizado pelo crime. O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais denunciou 22 pessoas e as empresas Samarco, VALE, BHP Billiton e VogBR pelo rompimento da Barragem de Fundão, sem previsão de julgamento.

Os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo se curvaram e se capitularam diante da SAMARCO (VALE e BHP Billinton). Aceitaram que desde o inicio a VALE controlasse a cena do crime e até os dias de hoje é ela que tem o controle total de tudo que diz respeito ao crime.

A Vale age constantemente para não ser obrigada a pagar multas irrisórias que foram determinadas pela justiça. Recentemente o MPF firmou um Termo de Ajustamento Preliminar com a Samarco (VALE e BHP Billiton), sobre as medidas reparatórias. Nesse acordo, a Justiça Federal suspendeu o prazo processual para o pagamento de R$ 1,2 bilhão, de uma indenização movida logo após a tragédia pelos governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo e por diversos órgãos ambientais.

Inicialmente sob pressão, denuncias e com a ação do Ministério Público, se viu forçada a alugar casas para os moradores dos distritos atingidos, em Mariana (MG). Daí até chegar aos dias de hoje só omissão e promessas. Serão necessárias décadas para a recuperação da bacia do Rio Doce. Não existe nenhum plano concreto para remediar os impactos, nem tão pouco para recuperar a bacia do Rio Doce. Milhares de trabalhadores foram demitidos nos meses que se seguiram ao rompimento criminoso. A luta continua pelo reconhecimento dos direitos das famílias atingidas.

A VALE continua com seu cinismo, vivendo na impunidade e com um verdadeiro escárnio comemora lucro, em cima de vidas humanas e do meio ambiente. Aliás, é para isso que existem as mineradoras: LUCRO A QUALQUER CUSTO. 
Frei Rodrigo Péret, ofm

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