domingo, 5 de novembro de 2017

O Crime, A Impunidade: Samarco (Vale e BHP Billinton)

Em 5 de novembro de 2015, 34 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro, proveniente da barragem de Fundão,em Mariana (MG), jorraram do complexo de mineração operado pela Samarco e percorreram 55 km do rio Gualaxo do Norte e outros 22 km do rio do Carmo até desaguarem no rio Doce. No total, a lama percorreu 663 km até encontrar o mar, no município de Regência (ES). 

O crime

Em 9 de junho de 2016 a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o rompimento da barragem de Fundão em Mariana. O inquérito apontou uma série de causas para o rompimento da barragem. Para a PF a Samarco assumiu o risco e privilegiou o lucro em detrimento da segurança. A PF conseguiu apreender documentos que comprovam conversas entre área técnica e a direção da mineradora, comunicando sobre problemas. A barragem apresentava problemas desde sua construção, com utilização de material de baixa qualidade. Depois, modificações sem projeto, problemas de drenagem, problemas com recuo da ombreira esquerda do eixo da barragem, em que se invadiu uma área que não era firme o suficiente.  Houve, entre 2012 - 2015  redução do orçamento na área de geotécnica -- que seria responsável pelo controle da barragem.  Houve ainda alteamento muito acima do recomendado e  inoperância de instrumentos de monitoramento..A PF apurou também que a barragem de Fundão estava sem responsável técnico desde 2012.

A continuidade do Crime

Em 18 de novembro de 2016, a Samarco, suas controladoras Vale e BHP Billinton e a VogBR, mais 22 pessoas dessas empresas, foram indiciadas, se tornaram rés em um processo criminal.

Dois anos depois do crime ao longo dos rios temos a contaminação das águas, problemas de saúde (física e mental), moradias destruídas, perda de fontes de trabalho e renda e a dispersão dos laços comunitários, que se constituem  em  alguns de tantos problemas ainda existentes. 

As cerca de 300 famílias desalojadas pela lama que se alastrou com o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, vivem agora na área urbana da Mariana, apartadas umas das outras, e enfrentam a hostilidade de muitos moradores da cidade (que ganharam novos vizinhos de uma hora para outra) e seus próprios demônios. A cena mais marcante é o distrito de Bento Rodrigues: uma localidade fantasma, com escombros e lama. Dos 20 mortos, 14 eram trabalhadores e 5, moradores locais e um aborto forçado.

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