quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Rejeitamos a Agricultura Climaticamente Inteligente

Durante a Cúpula das Nações Unidas Clima de 2014, em 23 de setembro, o governo holandês lançou uma Aliança Global para a Agricultura Climaticamente Inteligente. Essa Aliança Global, inclui mais de 20 governos, 30 organizações e empresas, incluindo empresas da Fortune 500 (que inclui as maiores corporações do mundo).

O Secretário-Geral Ban Ki-moon, que deu a sua bênção para a Aliança Global, disse: "Eu estou contente de ver a ação que irá aumentar a produtividade agrícola, aumentar a resiliência dos agricultores e reduzir as emissões de carbono." Esses esforços, segundo ele, irão melhorar a segurança alimentar e nutricional de bilhões de pessoas. Como a demanda por alimentos deverá aumentar 60 por cento até 2050, as práticas agrícolas estão se transformando para enfrentar o desafio da segurança alimentar para um mundo com 9,0 bilhões de pessoas, enquanto a reduzirão as emissões, afirmou.

O que está por trás:
A FAO, o Banco Mundial e os governos dos países desenvolvidos, promotores da agricultura climaticamente inteligente, como os Estados Unidos e Holanda, desenvolveram,  uma abordagem politicamente mais sofisticada para vender o conceito através de uma nova iniciativa chamada Aliança Global pela Agricultura Climaticamente Inteligente.

A agricultura enfrenta muitos desafios frente as mudanças climáticas. A agricultura é também a fonte dos gases causadores do efeito estufa. Muito das emissões de gases pela agricultura são causadas pelos métodos de produção industrial agrícola e pelos padrões de consumo dos países ricos. A agricultura em escala industrial é particularmente dependente dos fertilizantes sintéticos ao invés de compostos e adubos orgânicos. Fertilizantes sintéticos contribuem  significantemente com mais emissão de gases de efeito estufa na atmosfera do que fertilizantes orgânicos, graças às emissões durante sua produção. Na realidade, a produção global de fertilizantes sintéticos, sozinha, é responsável por 1% das emissões globais de gases.

O conceito de agricultura climaticamente inteligente foi criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em inglês), em 2010. De acordo com a definição oficial, a agricultura climaticamente inteligente, “aumenta  a produção de forma sustentável, resiliência (adaptação), reduz/elimina a emissão de gases causadores do efeito estufa (mitigação) e reforça as conquistas de segurança alimentar e os objetivos de desenvolvimento nacionais.” Entretanto, organizações da sociedade civil criticaram esse conceito desde os primeiros dias, chamando atenção para a ênfase no material promocional da FAO e do Banco Mundial para um financiamento “climaticamente inteligente” vindo, principalmente, por meio da medição e da mercantilização do carbono do solo, que seria então vendido e comercializado em mercados de carbono.

Em vez disso, o foco deveria estar nos métodos de agricultura ecológica baseados no respeito pelo conhecimento agrícola nativo e local, na proteção dos ecossistemas e na preservação da biodiversidade. O controle dos alimentos em mãos locais já demonstrou aumentar a produtividade e, mais importante, é uma maneira de os agricultores se adaptarem e mitigarem a mudança climática de forma eficaz.

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