quinta-feira, 27 de outubro de 2016

NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 241

“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.”
 (São João Crisóstomo, século IV)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.
Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado? 
A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.
A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. “O dinheiro deve servir e não governar! ” (Evangelii Gaudium, 58). Diante do risco de uma idolatria do mercado, a Doutrina Social da Igreja ressalta o limite e a incapacidade do mesmo em satisfazer as necessidades humanas que, por sua natureza, não são e não podem ser simples mercadorias (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 349). 
A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional. A partir de 2018, o montante assegurado para estas áreas terá um novo critério de correção que será a inflação e não mais a receita corrente líquida, como prescreve a Constituição Federal.
É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241.
A CNBB continuará acompanhando esse processo, colocando-se à disposição para a busca de uma solução que garanta o direito de todos e não onere os mais pobres.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, continue intercedendo pelo povo brasileiro. Deus nos abençoe!
Dom Sergio da RochaArcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJArcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFMBispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

4 comentários:

  1. Parabéns a CNBB pela coragem de defender os pobres, colocando o Evangelho em primeiro lugar. Bem aventurado os que são perseguidos e injustiçados por causa de mim, Deles é o Reino de Deus.

    ResponderExcluir
  2. Quase Lúcidos mais militantes partidários ainda , uma pena , Roma vem vindo denunciando o distributismo que escraviza e aliena o pobre , os ricos devem ser menos um grupinho fechado , mais vcs os condenam e nisto piora o investimento e emprego , se esquecem que Roma agora tem gestores de finanças e bispos que redeavam os demais a seu redor para ter votos futuramente e serem os influenciadores da Igreja e inalcançaveis , ate mesmo a caritas esta partidária aqui comparando a que trabalha no Oriente médio , toda casa como a Igreja esta tendo uma auto vigilãncia em suas finanças , todo cidadão tem e o Governo deve ter , seus Pts gastaram o que não tinahm cometeram estelionato eleitoral , olha que ainda nem contabilizou a conta a ser paga pelos Jogos Olimpicos , fique tranquilos nós leigos católicos estamos vigiantes o PT vai acabar em 2018 por mais que tenham envenenado as paróquias com grupos como Fé e política etc: a Igreja aqui ainda tem sociedades sérias e fiéis a Roma como os Vicentinos, falaram bonito mais mesmo cuidando para não demostrar lado , acabou demostrando.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A PEC 241 é o remédio amargo que deve ser tomado para curar uma doença causada por 13 anos de má gestão. Priorizar os direitos sociais é bonito no discurso, mas na prática significa menos geração de riqueza, que é sinônimo de menos empregos e menos arrecadação. O equilíbrio é a saída e a PEC 241 tem este objetivo.

      Excluir