quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Dom Paulo Evaristo Arns, “o cardeal da esperança”

Dom Paulo Evaristo Arns se notabilizou pela luta a favor dos direitos humanos no Brasil, combateu a ditadura militar, denunciou as torturas perpetradas pelo regime e foi um incansável defensor da causa dos pobres.

Dom Paulo faleceu  nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, vítima de uma broncopneumonia. Tinha 95 anos de idade, 71 de sacerdócio e 76 de vida na Ordem dos Franciscanos. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998. Foi grão-chanceler da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) de 1º de novembro de 1970 a 22 de maio de 1998.

Notabilizou-se pela luta a favor dos direitos humanos no Brasil, combateu a ditadura militar denunciando as torturas perpetradas pelo regime e foi um incansável defensor da causa dos pobres.  

Criou a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese em 1972. Deixou a residência episcopal,  o Palácio Pio XII, da cidade de São Paulo, para morar em uma casa simples no bairro do Sumaré, zona oeste. Os US$ 5 milhões da venda do palácio foram aplicados na construção de 1200 centros comunitários na periferia de São Paulo em 1973. 

Em março de 1973, presidiu a Celebração da Esperança, em memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê relatando os casos de 22 desaparecidos. Em outubro de 1975, celebrou na Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar. 

Apoiou a Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos e Marginalizados em sua ajuda à greve dos metalúrgicos do ABC, a qual foi marcada pela morte do operário Santo Dias da Silva, agente de pastoral da Arquidiocese de São Paulo. A celebração do enterro de Santo Dias foi presidido por D. Paulo, em 30.10.79.

Orientou as comunidades da Arquidiocese no movimento "Diretas, Já", com a cartilha e slides sobre Fé e Política, em 1981.

Participou, como membro fundador, da Comissão Independente Internacional das Nações Unidas para Questões Humanitárias, sendo o único religioso, em todo o mundo, eleito para esta comissão, em 1981.

Foi responsável, com apoio financeiro do Conselho Mundial de Igrejas e coordenação do
rev. Jaime Wright, o projeto "Brasil: Nunca mais"¸ contendo informações obtidas nos
arquivos militares oficiais sobre o uso institucionalizado da tortura durante o regime militar dos anos 1964-1985. O livro-resumo foi lançado em 15 de julho de 1985

Lançou o Projeto Esperança, campanha para conscientização sobre AIDS na Arquidiocese de São Paulo, em 1987. Tornou-se presidente do Comitê Latino-americano de Peritos pela Prevenção de Tortura (CEPTA), em 1987. Foi o negociador para a libertação do empresário Abílio Diniz, sequestrado por um grupo de chilenos, argentinos, canadenses e brasileiro, em 1989 . Indicado oficialmente para o Prêmio Nobel da Paz de 1989. Participou de encontro interreligioso com o Dalai Lama, na Catedral da Sé, em 9 de junho de 1992


Desde 24 de maio de 1998, quando tornou-se Cardeal Emérito de São Paulo, passou a dedicar parte de seu tempo à promoção da população da Terceira Idade.

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