sábado, 27 de outubro de 2018

Papa Beatifica dois franciscanos da Guatemala

Em tempos de ameças a direitos,  pregação de ódio e risco à democracia, o Papa Francisco reconhece "Beatos da Igreja",  o  Frei Tulio Maruzzo, franciscano (OFM) e o Catequista Luis Obdulio Arroyo, franciscano secular (OFS) por darem suas vidas no trabalho que desenvolviam junto aos camponeses pobres, na defesa de seus direitos e terras. Foram assassinados, em 1o de julho de 1981, no departamento de Izabal, na Guatemala.  

A questão de terras  era muito forte na região de Izabal. O frei Tulio e Luis sabiam muito bemque não era possível enfrentar o problema diretamente; as pessoas que faziam os abusos eram protegidas pelo exército e o Governo da Guatemala. Era necessário encontrar uma solução. Começaram então, a partir de um Centro de Formação para Catequistas, um processo educativo para os camponeses, que eram analfabetos, sobre seus direitos, aconselhando-os a se organizarem para procederem à legitimação de suas próprias terras. Pediram ajuda à Caritás, para que colocasse à disposição tabeliões e advogados honestos. Isso despertou a oposição dos paramilitares que começaram a controlar os passos do frei Tulio e do Luis. Os militares e os fazendeiros temiam o testemunho de vida simples e pobre, que tornava o franciscano muito próximo à gente comum do lugar. Passaram a acusa-lo de “guerrilheiro” e de “comunista”. Acusavam as atividades do Centro de Formação de Catequistas, bem como a vida dos próprios catequistas. Começaram a acusar que o frei Tulio e o Luis teriam relações com a guerrilha e que o Centro Catequético seria para uma revolta.

O Centro de Formação para catequistas fazia trabalho de alfabetização, instruindo na doutrina da Igreja Católica, em agricultura e de criação de animais, bem como nos direitos civis e no conhecimento da Constituição do Estado da Guatemala.

Esses feitos levaram as autoridades militares a decidirem pelo assassinato do frei Tulio e do Luis, considerando-os como incômodos, que atrapalhavam seus interesses. Essa decisão em um ambiente onde atuavam “esquadrões da morte” foi como que uma sentença contra a vida dos dois.

No dia 1o de julho de 1981, às 23h30, o frei Tulio e o irmão Luis, no retorno do acompanhamento de alguns estagiários para suas casas, na Vila dos Novos Povos, foram vítimas de emboscada. Um menino de 11 anos foi colocada na estrada, fingindo pedir uma carona. Ao pararem o carro, os paramilitares saíram de uma plantação de bananas, mandando que os dois saíssem do veículo e dispararam contra eles. Os cadáveres foram deixados estendidos na estrada, quase uma hora mais tarde foram encontrados. O carro estava com as luzes acesas e as portas abertas.

Esses mártires que derramaram seu sangue ao servir com amor a seus irmãos, no estilo de

Jesus, foram "mortos por ódio à fé" e o Papa Francisco autorizou a beatificação. A cerimonia aconteceu neste 27 de outubro de 2018, no Centro Esportivo Morales, em Izabal. O Cardeal Giovanni Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviado do Papa Francisco, presidiu a missa de beatificação, com a presença de milhares de pessoas.

Se tornaram exemplo de vida cristã comprometida com a dignidade das pessoas e a luta pelos direitos humanos. Que suas vidas nos inspirem para nos mantermos sempre disponíveis ao amor pelos outros e na defesa por uma sociedade cada vez mais justa, sem ódio e violência.


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