quarta-feira, 3 de julho de 2019

Franciscanos propõem trabalho nas áreas climática, sócio ambiental e migração, em nível global


O encontro de planejamento bienal do Conselho Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Ordem dos Frades Menores  (CIJPIC) aconteceu de 3 a 10 de junho de 2019, na Custódia da Terra Santa, em Jerusalém. Organizado pelo Escritório da JPIC, dos Franciscanos em Roma,  o econtro tratou de temas como as mudanças climáticas, a proteção dos direitos humanos e na atenção especial aos problemas e violações reais existentes nos 119 países onde a Ordem dos Frades Menores (franciscanos) está presente e funciona. “Esta reunião”, disse o frei Jaime Campos, Diretor do Escritório Geral da JPIC, “nos permite avaliar o trabalho que foi feito e planejar, com nossas discussões, futuros trabalhos com atenção constante ao conteúdo da Encíclica Laudato Si’ .  

O encontro que contou com a participação de representantes das diversas Conferências dos Frades Menores. Vindo da Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Coréia,  Eslovênia, EUA, Filipinas, França, Itália, México, Polônia e Reino Unido,  chegou a uma conclusão com a preparação de um documento final, que trata de questões relacionas à crise climática, crise sócioambiental, crise migraória, sempre com propostas concretas e partindo da Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, numa perspectiva de converção ecológica. Segue do Documento.

Declaração de Jerusalém

O Conselho Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação da Ordem se reuniu em Jerusalém de 3 a 9 de Junho 2019. Seus membro avaliaram o trabalho realizado nos últimos três anos e traçaram o caminho a seguir em nosso esforço para promover JPIC para o próximo triénio, com a presença dos coordenadores de JPIC das Conferencias sua liderança determinada para preparar o caminho e implementar de forma eficaz, as decisões tomada na reunião deste ano. Distintos desafios e estímulos.

Distintos desafios e estímulos chegaram até nós do Conselho Plenário da Ordem de 2018 "Queremos sonhar e ao mesmo tempo ser profetas de esperança, capazes de anunciar o Evangelho para a construção de Reino, denunciando e combatendo as situações concretas de injustiça e violência do mundo atual. Esta atitude nos fará dar muitos frutos como pessoas consagrada nos ..."(CPO 2018 177).

"Laudato si'": Conversão ecológica integral

Inspirados pela encíclica papal "Laudato Si” acreditamos firmemente que “ a sobriedade no estilo de vida e a sensibilidade pela solidariedade ecológica e social são expressões próprias do  carisma franciscano, consciente de que o nosso compromisso com a ecologia é parte da conversão integral que nos torna irmãos e irmãs de todas as criaturas. Cada Fraternidade em seu projeto de vida e missão, desenvolver um programa ecológico que promova estilos e opções concretas de vida que expressem respeito e cuidado para criação" (Cf. CPO /18 114-116)

Os desafios colocados pelo documento do CPO 2018 e pela Encíclica "Laudato Si", nos levam a propor o seguinte:
  • Renovar a nossa presença profética no mundo de hoje, através de um processo radical de conversão ecológica individual e comunitária.
  • Adotar a metodologia da não-violência ativa e da paz justa.
  • Estar abertos a uma maior colaboração “ad intra” e “ad extra” na Igreja.
  • Comprometer-se com a iniciativa  Catholic Nonviolence Initiave de Pax Christi International.
  • Integrar e celebrar ativamente "Laudato si" na liturgia.
  • Promover o estudo da Encíclica através dos “Círculos de animação e dos retiros “Lautado Si” do MovimentoCatólico Global pelo Clima.
  • Fazer memória dos mártires do meio ambiente.
  • Recolher e criar recursos (homiléticos, catequéticos, práticos...) e compartilhá-los.
  • Melhorar a comunicação usando as redes sociais e serviços multimídia disponíveis
Crise climática

Nós, membros do CIJPIC, estamos profundamente preocupados com os desastres que ocorrem em todo o mundo e seu impacto negativo sobre os pobres e vulneráveis; e reconhecemos que a intervenção humana indiscriminada está destruindo o sistema climático do nosso planeta. Somos testemunhas da crise climática e constatamos que nos resta pouco tempo para que a humanidade mude sua trajetória e evite as piores consequências desta catástrofe climática mundial para o genro humano e o resto dos seres vivos na terra. Não podemos ficar indiferentes à voz dos jovens que exigem justice climática.

É por isso que propomos:
  • Promover e celebrar o "Tempo de o Criação", através da liturgia e atividades solidárias .de o liturgia e atividades solidariedade.
  • Colaborar com o Movimento Católico Mundial pelo Clima.
  • Não fazer investimentos em indústrias de combustíveis fósseis e investir em energias renovável.
  • Participar dos movimentos que trabalham pela justiça climática.
  • Aumentar nossa tomada de consciência e aprofundar na compreensão  esta problemática.
  • Recolher experiências de boas práticas e compartilhá-las.
  • Promover alternativas à cultura consumista (consumo responsável, decrescimento, consumir produtos locais, Km 0, etc.).
  • Trabalhar pela transformação social com a sociedade civil, autoridades governamentais e empreendedores sociais.
  • Promover um projeto de plantio ecológico de árvores
Crise socioambiental

Também estamos conscientes das muitas devastações no meio ambiente e na humanidade devido a várias práticas extrativistas, como a mineração e o fracking, ou a agricultura de monocultivos, etc. "Muitas vezes as técnicas de mineração, os despejos e a perda de poder de pessoas, a contaminação dos solos e da água, a  corrupção e a prepotência das multinacionais de mineração, com sua distribuição injusta das riquezas que obtêm, nos impele a questionar seu verdadeiro valor." (Declaração de Verona). Cremos que os franciscanos estamos chamados à ação solidária com as comunidades atingidas na Amazônia e em outros lugares. Pelo que reconhecemos e promovemos "um tipo diferente de economia: uma economia que é inclusiva e não exclusiva, humana e não desumanizante, que cuida do meio ambiente e não o espolie” (convite do Papa Francisco ao evento “Economia de Francisco” 2019). Concretamente nos esforçaremos para reduzir e reparar os danos sociais, ambientais e econômicos, que se produzem em nossa casa comum.

E por isso propomos:
  • Recusar-se a fazer parte da cultura consumista de nossa sociedade
  • Apoiar e solidarizar-se com as vítimas de extrativismo.
  • Juntar-se à campanha "Direito de dizer não".
  • Desenvolver estratégias de "boicote" a determinados produtos.
  • Não fazer investimentos em empresas que atacam os direitos humanos e ambientais  e investirem projetos sustentáveis e éticos.
  • Continuar colaborando com Franciscans International e com o Fórum Social sobre o   Extrativismo.
  • Incentivar as Entidades da Ordem a trabalhar com as ONGs de seu entorno nesse âmbito.
  •  Envolver as escolas de administração propondo modelos econômicos alternativos ao atual, que apoiem a Responsabilidade Social Corporativa, a conversão ecológica e a justiça climática.
Crise migratória

Vemos a migração como um fenômeno global causado por múltiplos fatores, entre eles a violência, a desigualdade social, a crise política e climática. Seu alcance cada vez maior em todo o mundo desafia nossa "Visão franciscana da vida que encontra seus fundamentos na revelação bíblica, que nos faz entender que um é nosso Pai e que somos todos irmãos e irmãs, e que estamos unidos por vínculos invisíveis, formando uma só família universal com todos os seres do universo. Por tanto nós podemos permanecer indiferentes ante à grave crise da mobilidade humana, e não podemos ser indiferentes à situação de nossos irmãos e irmãs imigrantes"(Cf. CPO / 18, 122 - 123).

Por isso propomos:
  • Criar uma cultura humanista de hospitalidade; aceitando, acolhendo e cuidando dos imigrantes como irmãos e irmãs nossas.
  • Abrir nossa casas e conventos para receber, escutar e dialogar com os imigrantes.
  • Celebrar a Jornada Mundial pelos Refugiados eImigrantes, e a Oração contra o Tráfico de Pessoas.
  • Ajudar e colaborar com os Centros de Imigrantes existentes.
  • Promover "experiências no terreno", para os frades em formação inicial e permanente, nos Centros de Atendimento aos Imigrante.
  • Organizar "campos de trabalho e conscientização" para jovens e frades.
  • Promover campanhas para superar preconceitos contra imigrantes.
  • Participar da Rede Franciscana para os Imigrantes na América.
  • Divulgar ferramentas legais e recursos para migrantes.
Apesar da contínua violência e conflito na região fomos testemunhas e constatamos o trabalho e obras realizadas pelos nossos irmãos da Custódia da Terra Santa pela a paz e os direitos humanos. Também nos demos conta de que nós como Franciscanos, temos que "trabalhar para ser instrumentos de paz e reconciliação, permanecer presentes em lugares de guerra e violência e não abandonar os que sofrem” . (cf. CPO / 18, 168). Com profunda preocupação pela crise política e pelas inacreditáveis violações de direitos humanos em alguns países, expressamos nossa solidariedade com os oprimidos, os menores, os esquecidos e os últimos.

O Conselho Internacional de JPIC leu e discerniu os sinais dos tempos como um chamado, enquanto franciscanos, para responder às crises globais através de uma conversão ecológica integral radical; que inclui as dimensões espirituais, sociais, econômicas e políticas. Como fraternidade contemplativa em missão, nos comprometemos à ação através da contemplação e da oração, do compromisso de solidário com os pobres e a Terra; pedindo a todos os frades da Ordem que aprofundemos nossa vocação e conversão no século XXI.







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