sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Grupo João Lyra, Usina Triálcool, não paga os trabalhadores em Canápolis (MG)

Trabalhadores da Usina Triálcool, que pertence ao Grupo João Lyra, bloquearam no dia 10 de janeiro de 2010, a BR 365 no município de Canápolis (MG), devido ao fato de estarem com o pagamento de seus salários atrasados. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais dos Municípios de Canápolis e Ituiutaba, Gilmar Natal de Melo, alguns trabalhadores tiveram que vender os pertences para sobreviver.

Esta não é a primeira vez que os trabalhadores protestam pelos pagamentos atrasados. Em dezembro, nos dias 23 e 24, eles bloquearam a mesma rodovia por cerca de duas horas.

Falência do Grupo João Lyra foi decretada pela Justiça

O Tribunal de Justiça de Alagoas decretou em setembro de 2013 a falência do grupo sucroalcooleiro da Laginha Agro Industrial – empresa do grupo sucroalcooleiro João Lyra, que possui cinco usinas. Desde novembro de 2008, a Laginha encontra-se em recuperação judicial e acumula uma dívida de cerca de 1,2 bilhão de reais.

Fazem parte da massa falida do grupo João Lyra duas em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro, nas cidades de Canápolis (unidade Triálcool) e Capinópolis (unidade Vale do Parnaíba) e três usinas em Alagoas (unidades Uruba, Guaxuma e Laginha), a empresa produtora de fertilizantes e adubos, a Adubos Jotaele; uma concessionária de automóveis, a empresa de táxi aéreo Lub e o hospital São Vicente de Paulo.

Condições de vida sub-humana

Em reportagem ao Correio de Uberlândia, de 10 de janeiro de 2014, lemos: “O cortador de cana Francisco Pereira Gomes, natural do Ceará, está em Canápolis desde maio de 2013, quando foi contratado para trabalhar na usina sucroalcooleira. Em dezembro, quando recebeu a informação de que o pagamento do seu 13º, dos salários atrasados de novembro e dezembro e a rescisão de contrato seriam pagas, ele decidiu se preparar para retornar ao Estado em que mora. “Eu estava com o aluguel do mês de novembro atrasado, então tive que vender minhas coisas, a cama, móveis e algumas panelas para poder pagar dividas e comprar comida”. Gomes está dormindo no estacionamento da empresa desde a última terça-feira (7), quando precisou sair da casa que alugava, por falta de pagamento”.

Iguais a Gomes outros 40 trabalhadores estão dormindo em frente à empresa e vivendo de doações.

Setor sulcroalcooleiro

Não obstante o sofrimento dos trabalhadores o setor sulcroalcooleiro comemora. Segundo o site da UDOP – União dos Produtores de Bioenergia, o BNDES eleva a R$ 6,9 bi desembolso a usinas.

“Puxados por condições especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor sucroalcooleiro superaram em 2013 as expectativas da própria instituição ao atingir R$ 6,9 bilhões no ano, 64% acima dos R$ 4,2 bilhões registrados em 2012. A urgência das usinas para renovar e mecanizar canaviais ajudou a alavancar esses números, que devem, no entanto, perder alguma força em 2014, dado que uma boa parte dessas demandas já foi atendida e que as taxas de juros do PSI foram elevadas”.

O setor sucroalcooleiro no Brasil depende de incentivos do governo, tem uma longa história de atividade escravagista, que se estende até os dias de hoje.. Assim vai se afirmando o agronegócio como um setor que carrega na costas uma enorme dívida social e ética. Se trata de um setor que cresce às custas do sangue e da dignidade do povo. 

por Frei Rodrigo Péret - AFES

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