quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Assentados manifestam sobre regularização de área na Fazenda do Glória

TEXTO: Emiliza Didier; foto: Valter de Paula
Aconteceu na noite desta quarta-feira (26), no plenário da Câmara Municipal de Uberlândia, a audiência pública sobre o assentamento do Glória. O tema refere-se a 2.200 famílias que ocupam uma área de 60 hectares na Fazenda do Glória que pertence à Universidade Federal de Uberlândia. A audiência acontece num momento em que todos envolvidos no processo, entre eles a Prefeitura de Uberlândia e as mais de 15 mil pessoas, aguarda uma decisão da justiça quanto ao pedido de suspensão da ação de despejo impetrada a favor da universidade.

O pedido da suspensão da ação de despejo foi feito pelo Conselho Universitário da própria UFU.

Os ocupantes da área chegaram ao local em dezembro de 2011 oriundos de dois despejos determinados pela prefeitura, um de uma área do Ceasa e outro de uma ocupação no bairro Shopping Park. No início o local chegou a abrigar 3 mil famílias em barracões, mas atualmente os assentados do Glória moram em casas de alvenaria com ruas construídas.

No evento, durante o discurso, o professor da UFU, Leonardo Barbosa Silva reforçou o desejo da instituição em se resolver pacificamente toda situação. A universidade já procurou órgãos federais como o Ministério das Cidades e o MEC para viabilizar a venda da área, orçada pela Caixa Econômica Federal em até R$ 68 milhões. Para isso, a prefeitura precisa dispor do valor e estar disposta a comprar cada um dos 60 hectares por mais de R$ 1 milhão.

Com o recurso, a universidade pretende terminar de construir o novo campus Glória e também realizar a urbanização da área assentada. Segundo Silva, a UFU aguarda somente a suspensão da ação para por no papel as ações que faltam para a negociação de venda de parte da fazenda. Com a aquisição da área, a universidade pretende fazer a regularização fundiária, urbanização da área e realizar projeto de extensão para o atendimento de toda comunidade do bairro intitulado Edson Pietro.


O evento desta noite contou com representantes de diversas organizações ligadas ao movimento de luta pela terra, entre eles a própria Pastoral da Terra, que no caso dos assentados do Glória, dá todo apoio jurídico à causa, da Diocese de Uberlândia, da União Nacional da Luta Camponesa e do Movimento dos Sem Teto.

O advogado da Pastoral da Terra, Igínio Oliveira, alertou a todos com informações da Polícia Militar sobre o possível confronto entre soldados e assentados caso a determinação de reintegração de posse se mantenha. A PM estima 40 mortes num confronto e gastos em R$ 12 milhões com a operação de logística para retirada dos assentados, R$ 5 milhões por parte da prefeitura e R$ 7 milhões por parte da UFU.



O Frei Rodrigo Péret, coordenador da Pastora da Terra, critiou os interesses de grupos no uso e ocupação do solo, a especulação imobiliária e reiteirou o discurso da necessidade de realização da função social da terra.


Vereadores participaram do evento e apoiaram a causa do movimento de grupos pela terra, entre eles o Professor Neilvado, Marquinho do Mega Box, autor do pedido da audiência, e o vereador Ismar Padro. Centenas de pessoas participaram da audiência.

FONTE: CÂMARA VEREADORES UBERLÂNDIA

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